Intervenção de Alexandra Tavares de Moura na Assembleia Municipal Potestativa marcada pelo Partido Socialista para se fazer a Avaliação da Integração do Município de Oeiras na Carris Metropolitana.
Na intervenção de encerramento deste debate, o Partido Socialista reafirma as razões do seu pedido: discutir os transportes, avaliar a integração deste município na Carris Metropolitana e as implicações nas políticas de mobilidade, que representam um dos maiores problemas deste concelho.
Oeiras integra a Carris Metropolitana desde 2022.
Não ignoramos, pois, as dificuldades iniciais, nem as atuais, mas consideramos que, foi uma aposta ganha, tal como foi dito e assumido pelo Sr. Presidente de Câmara.
Para Oeiras, a Carris Metropolitana representou e continua a representar uma oportunidade única de melhorar a conectividade entre concelhos, atenuando o trânsito e consequentemente as emissões de carbono.
Mas falar de transportes também significa falar do modelo económico que nos sustenta: como a presença de empresas tecnológicas, institutos de investigação, e as zonas residenciais que acolhem muitas pessoas que trabalham em Lisboa e noutros concelhos originam movimentos pendulares diários de entrada e saída criando desafios para a mobilidade e para o transporte público.
Foi a criação da Carris Metropolitana, como já aqui foi referido, que permitiu ampliar e reformular as rotas de autocarros, tornando o serviço mais abrangente, com novas linhas e a adaptação das existentes para melhor servir os passageiros.
As alterações nos horários e trajetos, e as ligações intermodais, garantem um sistema de transportes mais eficiente, logo, mais satisfatório.
A acessibilidade promovida pela uniformização dos passes, através do passe Navegante, permite a deslocação em toda a Área Metropolitana de Lisboa com um custo fixo, facilitando a mobilidade intermunicipal e diminuindo o custo de vida das famílias.
Esta medida teve e continua a ter um impacto significativo para quem se desloca diariamente para trabalhar ou estudar fora de Oeiras, democratizando o acesso aos transportes públicos e tornando-os uma alternativa viável ao uso do carro privado.
A este propósito, recordo que o Plano de Mobilidade já identificava um crescimento de 20% no uso de transportes públicos após a criação deste sistema, resultado claro das políticas do Governo do PS.
Contudo, apesar das melhorias notáveis trazidas pela Carris Metropolitana, ainda há desafios a superar.
A frequência de algumas linhas nos horários de pico, especialmente no eixo Oeiras-Lisboa, bem como a integração plena com outros modos de transporte, como o comboio, são desafios que já identificámos quando discutimos o Plano de Mobilidade, e que exigem uma resposta urgente.
Oeiras é servido por várias estações da linha de Cascais, um dos eixos ferroviários mais movimentados do país, e a coordenação entre os horários dos autocarros e comboios precisa de ser otimizada para facilitar a mobilidade.
Por isso, o Plano de Mobilidade de Oeiras, recentemente aprovado, é uma peça fundamental na construção e na melhoria da rede de transportes.
Em simultâneo, devemos abordar a mobilidade sustentável de forma séria, o que não se faz com 50 bicicletas, 11 estações e 2 viaturas tipo “calhambeque turístico” para o percurso “OEIRAS VAI & VOLTA” entre o Parque dos Navegantes e o comércio local.
Faltam medidas que promovam a redução da utilização do carro e aumentem o uso de transportes públicos, bicicletas e outros meios de transporte suave.
A criação de novas ciclovias, a construção de corredores verdes que facilitem a mobilidade pedonal e a implementação de soluções tecnológicas para a gestão do trânsito são algumas das medidas que contribuirão para a mudança que Oeiras tanto precisa.
Quando discutimos o Plano de Mobilidade, concordámos com a identificação das fragilidades da rede viária de Oeiras e das suas ligações aos municípios vizinhos.
A quantidade reduzida de nós de acesso à rede nacional (N1), a insuficiência das extensões com boa capacidade de escoamento (N2), e a dificuldade em perceber a diferença entre vias de perfil 1+1 (N3) e as vias urbanas (N4) dificultam a criação das melhores soluções para os transportes públicos.
Hoje, como quando promovemos o debate sobre mobilidade, sublinhamos a importância de rever as metas e os objetivos das obras há muito esperadas.
Não se promove o uso de transportes públicos se as vias que os servem não facilitarem o seu escoamento.
É tempo de perguntar quando, Sr. Presidente, é que irá assumir o desígnio, de promover uma mobilidade eficaz e eficiente para todos?
Não podemos terminar este debate sem destacar o impacto ambiental das políticas públicas na área da mobilidade.
Oeiras tem um compromisso com a sustentabilidade.
A melhoria da rede de transportes, o uso de transportes públicos e a promoção de energias renováveis, associados à redução das emissões de gases poluentes, são partes essenciais desse compromisso.
A resposta aos desafios de mobilidade e sustentabilidade que enfrentamos é uma oportunidade para transformar o nosso município, tornando-o mais conectado, mais acessível e mais ecológico.
Os dados estão lançados. Falta agora a ambição e o rasgo para que não percamos a batalha da mobilidade sustentável.