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Voto de saudação por Mário Soares

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Voto de saudação por Mário Soares

Voto de saudação pelo Centenário do Nascimento de Mário Soares

Figura maior da democracia portuguesa, Mário Soares nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, no seio de uma família republicano-liberal, filho de João Lopes Soares e de Elisa Nobre Baptista.

Moldado por uma educação cívica liberal, republicana e democrática, Soares assumiu desde cedo um intenso combate político contra a ditadura, tendo aderido em 1943 ao Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) e em 1944 ao Partido Comunista Português (PCP). Foi membro da Comissão Central do Movimento de Unidade Democrática (MUD), tendo sido um dos fundadores do MUD Juvenil.

Juntamente com outros militantes republicanos, como António Sérgio, Jaime Cortesão e Mário de Azevedo Gomes, foi autor e subscritor de importantes documentos de contestação ao Estado Novo, e participou ativamente nas candidaturas dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado à Presidência da República, momentos que abalaram fortemente o regime.

Casou-se a 22 de fevereiro de 1949, por procuração, com Maria de Jesus Barroso, por se encontrar preso na cadeia do Aljube.

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1951, e em Direito, em 1957.

Enquanto advogado, defende na barra dos tribunais inúmeros presos políticos e é como advogado da família de Humberto Delgado que contribui decisivamente para desvendar as circunstâncias do seu assassinato e denúncia do crime cometido pela PIDE.

Obreiro do socialismo democrático em Portugal, participa em abril de 1964 na fundação da Ação Socialista Portuguesa (ASP), que viria a transformar-se no Partido Socialista (PS), a 19 de abril de 1973, na cidade alemã de Bad Munstereifel.

Assumindo-se como anticolonialista, Mário Soares desenvolveu uma ativa campanha de denúncia da situação política portuguesa e da Guerra Colonial, sofrendo as duras consequências da sua coragem. Por tudo isso, foi preso doze vezes, deportado para São Tomé, em 1968, e obrigado a exilar-se em França, a partir de 1970, onde escreveu a sua obra mais emblemática intitulada “Portugal Amordaçado”.

O exílio em Paris permitiu-lhe o contacto com algumas das principais figuras da social-democracia europeia e com vários dirigentes nacionalistas africanos, criando uma rede de contactos internacionais e cimentando uma ideia para o Portugal do futuro.

Foi o primeiro exilado político a chegar a Portugal após o derrube da ditadura, a 28 de abril de 1974, tendo sido recebido por milhares de cidadãos e assumindo, desde logo, um papel ímpar e singular na afirmação pluralista da nossa democracia.

Durante o período revolucionário, tornou-se o rosto da defesa da democracia, batendo-se pela instituição de um regime democrático pluralista, representativo e de tipo ocidental, lutando contra a unicidade sindical e na defesa da liberdade de imprensa.

Republicano, socialista e laico, como gostava de se afirmar, Mário Soares foi sobretudo um democrata, que levou sempre até às últimas consequências, os valores em que firmemente acreditava, mesmo que isso pudesse significar incompreensões e derrotas.

A revisão constitucional de 1982, em que teve um papel preponderante, é o exemplo da sua visão para o futuro de Portugal, ao diminuir a carga ideológica da Constituição, flexibilizar o sistema económico e redefinir as estruturas do exercício do poder político, bem como a extinção do Conselho da Revolução e a criação do Tribunal Constitucional.

Europeísta convicto, encarou desde sempre a integração de Portugal no projeto europeu como um desígnio nacional e uma condição indispensável para a construção de um país verdadeiramente livre, aberto e moderno.

E é como Primeiro-Ministro que assumiu a ambição, então muito contestada, da adesão de Portugal às Comunidades Europeias. Nessa qualidade, liderou o pedido de adesão, em março de 1977, e assinou o Tratado de Adesão a 12 de junho de 1985.

Em março de 1986, tornou-se o primeiro civil eleito por sufrágio direto e universal para o cargo de Presidente da República, adotando um estilo novo de presidência: próximo dos cidadãos, atento às realidades das populações e dos seus problemas, percorrendo o país nas suas “presidências abertas” e exercendo a sua “magistratura de influência”.

Graças a tudo isso, ficou reconhecido unanimemente como o “presidente de todos os portugueses”.

Após o termo do seu segundo mandato presidencial, abraçou uma panóplia de bandeiras, ao nível da cooperação internacional, dos direitos humanos, da liberdade religiosa, das questões ambientais, nomeadamente na defesa da água e dos oceanos.

A sua vontade de participar na reforma do projeto europeu levou-o a ser cabeça de lista do Partido Socialista às eleições europeias de 1999, cargo que ocupou durante o mandato de 1999-2004.

O seu longo percurso político, quer durante os mais de trinta e dois anos de resistência permanente à ditadura, quer na visão e atuação que demonstrou nos cargos políticos e governativos que desempenhou após o 25 de Abril, tornaram Mário Soares uma voz escutada e respeitada a nível mundial.

Como tão bem foi referido na Sessão Solene Evocativa do Centenário de Mário Soares, na Assembleia da República, na passada sexta-feira, Mário Soares marcou tudo ou quase tudo o que foi decisivo em Portugal, escolhendo o lado certo nos momentos-chave.

Homem que gostava da divergência, foi capaz de unir um povo através da figura singular que foi como Presidente da República de todos os Portugueses.

A sua vida, na defesa das causas populares e sociais, mas contra os populismos, tornou-o um político do presente e do Futuro.

Um Homem Fixe!

Oeiras, 10 de dezembro 2024

Pelo Partido Socialista

Alexandra Tavares de Moura

Sílvia Santos

Jorge Rato

Rui Vieiro